É nitroglicerina pura os documentos e o depoimento do agiota Josival Cavalcante da Silva, o Pacovan, um dos alvos da Operação Usura deflagrada semana passada e que levou para a cadeia uma quadrilha comandada pelo prefeito de São João do Paraíso, Raimundo Galdino Leite, o Boca Quente.
O depoimento de Pacovan começou segunda-feira pela manhã e só foi concluído às 15h de terça-feira, somando-se os intervalos. Ele continua preso. Natural de Pernambuco, recebeu esse apelido por abastecer a Ceasa com bananas de mesmo nome.
O agiota é conhecido na Ceasa pelas altas apostas em jogo de baralho que participa no local. Até carros são usados como prêmio. Teria sido por conta do vício no pif-paf que ele se envolveu com os prefeitos Raimundo Lisboa (Bacabal) e Raimundo Sampaio, o Natim (Zé Doca).
Pelas primeiras informações obtidas pela Polícia Federal, Pacovan movimentou nos últimos dois anos R$ 25 milhões. Os documentos e depoimento prestado por ele sugerem o envolvendo na teia criminosa de oito prefeitos maranhenses. Alguns têm negócios particulares com Pacovan.
O esquema funcionava da seguinte maneira: o agiota emprestava dinheiro durante a eleição municipal para os então candidatos e depois cobrava a fatura tomando conta principalmente da merenda escolar e da compra de medicamentos.
No caso de São João do Paraíso, Pacovan era praticamente o prefeito da cidade. Ele tinha vários cheques em branco assinados por Boca Quente. O mesmo acontecia com outras prefeituras.
Com a prisão dele, a PF também começou a identificar uma rede de agiotagem que funciona no Maranhão. Um dos nomes citados é do filho de um conhecido prefeito da região dos Lençóis Maranhense e também assessor do Tribunal de Justiça.
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