terça-feira, 26 de julho de 2011

CRÔNICA EXIBIDA NO PROGRAMA RADIO POVO DO DIA 24/07/2011

DO BLOG LETRA DE PROFESSORA





QUEM SE SALVA?


A um pouco mais de um ano das eleições que decidirão quem assumirá o Executivo e o Legisltaivo para o mandato de 2013 a 2016, em Tutoia, as discussões já fervem e as especulações já voam alto na tentativa de saber (ou convencer) quem será o melhor candidato, aquele que "salvará a cidade".


Observando (e até me posicionando) o debate, ouvindo aqui e ali, lendo e agora escrevendo, atento agora para alguns pontos que eu considero confusos e que já viraram jargões nessas discussões.


Fala-se (e escreve-se) muito sobre "o bem de Tutoia", sobre o "bem comum", sobre "esquecer os interesses pessoais", sobre "unir-se para derrotar o prefeito nas próximas eleições", sobre "zezinho que não vota em joãozinho, este por sua vez não apoiará chiquinho que por sua vez não se junta juquinha que não gosta de zezinho..." As especulações e o debate são normais e saudáveis, fazem parte do contexto de expectativa de quem poderá ser melhor prefeito do que aqueles que já passaram. Entretanto poucas são as falas sobre iniciativas de como ajudar melhorar a situação em que vive AGORA o povo de Tutoia, posto que visivelmente as coisas não andam bem como se acreditou que andariam nestes quatro anos.


Para mim, fica a perigosa interpretação de que as coisas só melhorarão em 2013, caso seja eleito "um salvador", redentor de todas as mazelas da sociedade tutoiense. Até lá, que o povo continue sofrendo as injustiças visíveis e frequentemente denunciadas? Há muito falatório, há muito discurso (inclusive esse meu agora), mas ações efetivas de melhoramento desses problemas são tímidas (ou não divulgadas) - quando existem - partindo dos que querem o bem de Tutoia.


Por que esses quase dois anos do governo atual que ainda restam, não podem ser melhorados com iniciativas "desinteressadas", não necessariamente de pré-candidatos, mas também de todos nós? Isso não implicaria em ajudar a reeleger o prefeito, mas em ajudar o povo, os cidadãos, os eleitores - isso seria querer o bem comum.


O problema maior pode residir na má interpretação. Alguém até tem vontade de ajudar, mas logo imaginarão que o fulano quer se candidatar ou está fazendo campanha.

Já existe a louvável iniciativa de informar, de denunciar, de dar voz ao povo, por meio de programas de rádio e pela internet. Aos poucos, a sociedade tutoiense está se habituando a ouvir, a ler e a tirar suas conclusões sobre o que é veiculado. Inclusive, graças aos programas, já há quem vá reclamar seus direitos. Mas ainda é pouco.


É muita gente que lista os problemas da administração atual, mas há poucos que fazem o "trabalho de formiguinha" de conscientização, de informação, de orientação ao povo - aquele povo mais isolado, longe da efervescência intelectual e comunicativa, que espera "as política" para ganhar um "agrado", ou finalmente receber em sua residência aquele candidato para lhe falar das suas necessidades.

Também não vejo ações "desinteressadas" de levar às escolas, aos futuros eleitores, a conscientização do voto responsável, que em longo prazo surtirá bons efeitos. Não vejo serviços "desinteressados" de orientação às pessoas, de onde e como proceder para terem seus direitos respeitados, embora outro dia, eu tenha aplaudido o programa dominical da rádio Dunas Mar, por informar aos professores onde fazerem suas reclamações. É disso que falo, de apontar problemas, mas orientar também.


Perigosamente, parece que só interessa agora, como em outras eleições, "derrubar o atual prefeito" e polarizar a disputa entre o salvador e o carrasco. Cria-se na mente dos mais desinformados, a esperança ilusória de que quem vencer solucionará todos os problemas e não descontentará ninguém. Embora, não seja essa a intenção, mas do jeito que se vem falando, planta-se essa ideia. E se a ideia é a mesma, virão com ela, as mesmas decepções e os mesmos problemas. Pois embora se negue, todos têm interesses particulares em um determinado governo, e antes muito antes de querer o "bem comum", quer-se também resolver os próprios problemas, seja da sua rua, seja do seu emrpego etc.


É tudo muito imediato e vesperal. Por que no início do atual governo, não se tinha essa mesma gana de fiscalização e cobrança? Por que só agora, às vésperas de lançamento de candidaturas?


Fica a lição (um pouco romântica até). Seja quem saia candidato, seja lá quantos forem esses candidatos, somente um será eleito, e tanto "oposição" como a "situação" não devem deixar para discutir assuntos relevantes para o "bem comum", só quando se aproximarem as eleições. Se o objetivo é o bem de Tutoia, todos somos responsáveis. Inclusive eu.

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