Por: Manoel Santos Neto (publicado em 9/01/2007).
O ano de 2007 começa cheio de expectativas para o monsenhor Hélio Maranhão. No próximo mês de maio, ele completará 77 anos de idade, sendo 51 anos de clérigo, ou seja, atuando como padre. Para comemorar a data, o monsenhor pretende receber em sua residência, no Tirirical, bispos do Maranhão, capelães militares e amigos. E pretende também concretizar um dos seus grandes sonhos: a publicação de sete de suas mais importantes e inéditas obras literárias.
O ano de 2007 começa cheio de expectativas para o monsenhor Hélio Maranhão. No próximo mês de maio, ele completará 77 anos de idade, sendo 51 anos de clérigo, ou seja, atuando como padre. Para comemorar a data, o monsenhor pretende receber em sua residência, no Tirirical, bispos do Maranhão, capelães militares e amigos. E pretende também concretizar um dos seus grandes sonhos: a publicação de sete de suas mais importantes e inéditas obras literárias.
Poeta, orador sacro, homem público, versátil, trabalhador, inteligente e corajoso, com inegável e invejável folha de serviços prestados à Igreja, ao Estado e à cultura, o monsenhor Hélio Maranhão é reconhecido como uma das maiores expressões do Clero maranhense.
Com um currículo que ostenta sete livros publicados, ele não consegue esconder de ninguém que está todo exultante, porque acaba de fazer a revisão dos originais das suas sete novas obras, todas inéditas, e prontas para publicação. Uma delas é Uma carta de amor, com comentários à Carta Encíclica do Papa Bento XVI sobre o amor de Deus que se revela no amor do homem e da mulher, isto é, no amor dos irmãos. Já está no prelo o livro Maria Mãe de Deus e nossa mãe. Com esta obra sobre Nossa Senhora medianeira de todas as graças, pela mediação de seu Filho, Jesus Cristo, – o autor ressalta a figura da mulher que não é deusa, mas é a mãe de Deus.
Capelania Militar... Ontem e Hoje conta um pouco da história da Capelania Militar nos 170 anos de existência da Polícia Militar do Maranhão. Folhas verdes... para sempre contém artigos publicados em jornais de São Luís. O monsenhor prepara com carinho, mas sem muita pressa, Janelas de Meu Claustro – um livro de poesias que, segundo informa, agora não poderá publicar, porque causaria choque. "Tem sonetos fortes; são poemas de amor, porque o padre também ama", afirma o poeta, sorridente, porém receoso de más interpretações.
Um parêntese para mais uma boa notícia: Hélio Maranhão concluiu seu livro de memórias – O Pastor de Tutóia – onde ressurge o retrato de um escritor que conta sua própria história, de um homem acuado pela Revolução de 1964 e incompreendido pela sua Igreja, em pleno século XX. O clérigo e escritor lembra, por exemplo, que, depois de ter sido professor do Seminário Santo Antônio, foi nomeado assistente eclesial da Juventude Universitária Católica (JUC), numa fase de efervescência política.
Nessa época, aconteceu o pior: veio o golpe militar, com tenebrosos tempos de tirania e de perseguições. "Todos nós fomos perseguidos. Tive de me esconder em Tutóia", revela, lembrando que, naqueles tempos, ninguém ia para aquela região, no Baixo Parnaíba, porque Tutóia era tida como a Sibéria do Maranhão: lá não havia transporte, nem estradas, nem água nem luz elétrica. "Fui denunciado 86 vezes à Revolução pelos prefeitos de Tutóia. Estive 11 vezes no SNI e nove vezes no Dops, à época do coronel Gondim."
Trajetória de lutas – O monsenhor Hélio Maranhão nasceu no dia 27 de maio de 1930, em Barra do Corda. Aos 13 anos de idade veio para São Luís e entrou para o Seminário Santo Antônio, onde concluiu o curso aos 20 anos de idade. Segundo ele, todas as suas decisões tiveram o apoio da mãe, Perpétua Nava Maranhão, de descendência italiana. "Ela foi incansável no meu acompanhamento. Deu-me força antes, durante e depois que decidi ser seminarista. Devo tudo a ela", disse.
Hoje, Hélio Maranhão integra o quadro de Oficiais Capelães e chefia o Serviço de Assistência Religiosa da Polícia Militar.
Antes de ser capelão militar, foi nomeado capelão pelo Papa Pio VI. Na época do seminário, ele era aluno-destaque. Tanto é que foi escolhido para ser o presidente da Academia Lítero-Musical do Seminário e foi presenteado com um curso de teologia em Roma, onde fez bacharelado em teologia pela Universidade Gregoriana de Roma (maior Centro Universitário Católico do Mundo). "Fui o primeiro padre mandado a Roma para estudar teologia", contou o monsenhor. Em Roma, foi eleito presidente da Academia Bento Inácio de Azevedo – transformada em Centro de Estudos e Debates Teológicos no Seminário Rio-Brasileiro.
Sua primeira missa foi celebrada em dezembro de 1956, ano em que foi ordenado. De lá pra cá, Hélio Maranhão foi acumulando momentos marcantes. Criou a Comunidade Eclesiástica de Base, em Tutóia, dando início à experiência da participação viva, ativa, livre e consciente do povo nas liturgias da Igreja. O arcebispo da época, Dom Delgado, ficou intrigado quando foi lá e encontrou uma Igreja fervendo.
O monsenhor iniciou sua carreira de homem de letras em 1968, quando lançou seu primeiro livro, A Missa Participada, com três edições esgotadas. Depois, vieram A Igreja e as Comunidades Eclesiais de Base (1998), Palavras de ontem e de hoje (1999), Podium Immortalitatis (2003), O Brilho das Estrelas (2004), A Semana Santa Ontem e Hoje (2005) e A Cara Nova da Polícia Militar do Maranhão (2007). O escritor observa que o lançamento de seu primeiro livro aconteceu em Codó, cidade onde morava o seu padrinho, Circinato Ribeiro Rego. "Foi ele quem me mandou para o seminário."
Desde 1976, portanto há 30 anos, Hélio Maranhão é monsenhor. Aliás, é o único monsenhor maranhense. Esta é uma distinção concedida pelo Papa, a pedido do bispo, para os sacerdotes que se destacaram de algum modo no serviço da Igreja. Para quem não sabe, ele fundou as Comunidades Eclesiais de Base, nas brancas areias de Tutóia, em 1965, no calor do período que se seguiu ao golpe militar de 64. O monsenhor costuma dizer que as CEBs nasceram à luz da palavra de Deus, na força da Eucaristia, para mudar as pessoas e transformar o mundo. "As CEBs foram as mais lindas invenções da Igreja no século XX", na definição do ex-arcebispo emérito de Aparecida, o cardeal Aloísio Lorscheider.
Ainda adolescente, Hélio Maranhão dizia para si mesmo que, se não conseguisse ser padre, tentaria a carreira militar. Aos 63 anos, ele assumiu a Capelania Militar da PMMA, nomeado em novembro de 1993, no posto de capitão, pelo então governador Edison Lobão e jurisdicionado capelão militar pelo arcebispo militar do Brasil, D. Geraldo do Espírito Santo Ávila. "Acordo cedo; sete e meia já estou na Polícia, todos os dias, e criei um slogan para mim mesmo: sou capelão militar 24 horas no ar."
Por tudo o que já viveu e continua conquistando nesta nova etapa de sua vida, Hélio Maranhão mostra-se feliz em comemorar meio século na condição de clérigo. Para ele, é uma façanha que significa afirmação da vida humana e sacerdotal no seu apogeu e na sua grandeza divina. "Só tenho a agradecer a Deus por me permitir estar vivo para comemorar estas conquistas entre amigos", acentua o monsenhor.
Fonte: www.guesaerrante.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário